Cristal Rocha é o nome dela! Aos 38 anos, a ex-jogadora da Seleção Brasileira de Basquete 3x3, professora de educação Física e uma das mais competentes treinadoras de atletas focada em fundamentos e habilidades do país, dividiu com o STREETOPIA um pouco de sua trajetória com o basquete e como esse esporte mudou sua vida para sempre.
Natural de São Paulo, tudo começou aos 9 anos de idade quando passou a praticar basquete na escolinha da treinadora Márcia localizada no ginásio que leva o nome de uma das maiores jogadoras do basquete brasileiro, Maria Helena Cardoso, a Heleninha.
Embora ainda não estivesse tecnicamente ambientada com os fundamentos do basquete nos tempos de escolinha, a única coisa que ela sabia era que queria muito jogar basquete e que hoje tem em Márcia, sua primeira técnica, alguém em que se espelha muito, principalmente pelas oportunidades que lhe deu e por ter lapidado sua relação com o esporte. A partir disso, passou acompanhar a carreira de Magic Paula, Hortência e Janeth Arcain, figuras de extrema importância em sua formação como atleta.
Com o passar dos anos, Cristal competiu e viajou o mundo como atleta e pode também dedicar-se ao estudo dos fundamentos da modalidade para 1) poder transferir conhecimento, 2) capacitar tecnicamente atletas em atividade e novos atletas e o mais importante, 3) trabalhar no fomento e na qualidade do basquete masculino e feminino no país.
Apesar das nítidas diferenças em relação ao basquete masculino, Cristal reconhece com um olhar otimista e bastante carinhoso, melhoras significativas na categoria feminina:
De anos para cá, assim como a tecnologia, o basquete no mundo tem evoluído a passos largos, seja em sua gestão, na disposição que marcas e patrocinadores têm tido para fazer investimentos e na forma que os atletas tem cuidado de sua principal ferramenta de trabalho, que é o corpo. O Brasil por exemplo é um desses casos e tem amadurecido muito nesse sentido, e de certa forma ‘surfa’ na mesma onda que a NBA, por ser um modelo de negócio que vem se reformulando e apresentando resultados expressivos.
Do ponto de vista de performance e produtividade, Cristal destaca como o basquete brasileiro tem se comportado a partir desses exemplos que tem dado certo: “Os meninos não tinham muito essa cultura de treinar fora da temporada e eles estão criando essa cultura. Essa cultura tem que ser implantada porque o basquete tem sido a cada dia uma evolução. A gente assiste NBA, WNBA e vemos que a força física, a parte técnica, tática, o que Q.I. de basquete tem evoluído muito. Então, cada ano vamos ter que nos dedicar mais para crescermos juntos...”
Quem não se prepara se torna vulnerável, quem antevê o problema e age estrategicamente, certamente pode decidir com cautela qual a melhor decisão e que ‘caminho’ deverá seguir. Esse simples raciocínio vai de encontro à metodologia de trabalho que Cristal desenvolve junto aos seus atletas, ou seja, ela analisa a necessidade de cada um e traça um plano: “Para a maioria dos atletas, tanto para a categoria de base como para um adulto, vejo que eles precisam ter o maior número de recursos objetivos para que você possa criar e ter esses elementos na hora do jogo. Então todos os fundamentos que coloco para o atleta são baseados em alguma ação que ele vai fazer no jogo...”
Esse processo deu tão certo, que foi convidada por uma empresa americana para ela transformar seus treinos em aulas práticas e teóricas para serem acessadas por qualquer um que tenha a intenção de melhorar e elevar seu jogo através de um aplicativo, algo semelhante ao que o colega de profissão e auxiliar técnico do Los Angeles Lakers, Phil Handy lançou há poucos meses atrás.
Há praticamente 30 anos, Cristal tem se dedicado de corpo e alma ao Basquete, algo tão intenso que pode-se dizer que se tornou a extensão de seu corpo e a através dele e de seu propósito tem possibilidade de realizar sonhos e impactar positivamente a vida de muitos: “Eu confio muito em Deus, então acredito que ele sonhou no coração dele e colocou em meu coração tudo o que eu tenho hoje com o basquete. Acredito que Deus me escolheu para que eu possa ser exemplo para outras jovens, outras pessoas...”
A gente agradece, Cristal!
