PERFIL STTP - Mamute #007
PERFIL STTP - Mamute #007
Jan 15, 2021

PERFIL STTP - Mamute #007

Victor Santo FOTO: Julio Nery

 

Para alguns é conhecido como Wagner Antônio de Oliveira, mas foi nas quadras de basquete dos parques que nasceu MAMUTE, paulistano da Zona Sul de São Paulo e ex-jogador profissional, que dividiu com o STREETOPIA como de fato conheceu o esporte.

 

Na transição de menino para adolescente, sua paixão mesmo era o futebol, ‘culpa’ do ídolo e meia Jorge Mendonça que o encantava com cada jogada e gol marcado, fazendo com que se interessasse e desse seus primeiros passos em direção à modalidade.

 

 

Curiosamente o futebol não ocuparia mais o mesmo lugar em sua vida. Tudo porque começou praticar basquete na escola e posteriormente a frequentar o Parque do Ibirapuera, principalmente por ter se deparado com atletas jogando basquete na quadra: “Ali eu me amarrei. Quando nós chegávamos na primeira quadra via os jogadores profissionais que estavam de férias ou de folga e não deixavam a gente jogar. Ficava ali aprendendo das 10 da manhã até as 5 da tarde. Eu falava, tenho que aprender isso...”

 

Com 17 anos, o jovem Wagner conheceria através de um morador do bairro que morava (o Senhor Adilson), o técnico de basquete do clube Sírio - Estamos falando de Urbano Nascimento, figura bastante conhecida do basquete nacional, seja por sua atuação em quadra ou por sua experiência liderando equipes e que lhe deu a oportunidade de começar a treinar com o time. A partir daquele momento, o basquete não só representava o sonho de muitos jovens atletas sendo realizado, mas um novo horizonte que se abria a sua frente.

 

Mesmo com seus dias ocupados pela rotina de treinos no Clube Sírio, Wagner sempre se fazia presente no parque que tinha como sua segunda casa, o Ibira. Seja por uma questão afetiva ou simplesmente para continuar praticando todos os fundamentos ministrados pelo professor Urbano, ele  estava ali, focado e determinado na evolução de seu jogo.

 

Outra figura extremamente importante em seu processo de formação como jogador, foi o grande campeão pela seleção brasileira de basquete Marcel de Souza, sua maior inspiração na modalidade e sempre muito bem representado nas quadras por Wagner ‘emular’ seus movimentos e jogadas.

 

A experiência adquirida no Clube Sírio o levou ao Clube Hebraica para jogar como juvenil em 1989 e no ano seguinte, faria finalmente sua estreia como jogador profissional, onde representaria times do interior de São Paulo, como Limeira e Piracicaba, passando pelo Corinthians e Santo André e no sul do Brasil em Joinville, totalizando 20 anos de entrega à categoria.

 

Quando se fala de Mamute, é impossível não lembrar de sua atuação em um dos times de basquete de rua mais conhecidos no mundo, o And 1, que visitou o Brasil em 2005 com a intensão de fazer jogos exibição e também realizar uma ‘peneira’ com os melhores jogadores dos parques para a formação de um time brasileiro - A marca se tornou conhecida pela divulgação de vídeos com jogadas até então nunca vistas através da ‘And 1 Mixtape Tour’.

 

Descrente daquilo que via nas fitas, Mamute parecia duvidar que muitas das jogadas realizadas pelos jogadores podia ser favorecida por exemplo por uma tabela baixa, até que surgiu a oportunidade de fazer um teste no último dia de peneira realizada pela marca: “Um cara me ligou de madrugada falando que ia ter o último dia de seletiva no Vila Lobos. Eu não tava muito afim, mas tive um estalo e peguei um busão até o parque. Cheguei ali, mó galera, tensão a flor da pele. Jogava 5 minutos, 2 – 3 ataques, pra ver se os 5 pegavam na bola...” Mamute continua e descreve a sensação de ter sido draftado entre vários participantes: “Parou tudo e os americanos não sabiam o nome e apontavam para os escolhidos. No final fui convocado, foi uma coisa sinistra...”

 

Encantado com aquele ‘novo mundo’, Mamute relembra a sensação de jogar no estádio do Ibirapuera já como atleta da And 1 em um dos jogos exibição pela tour sul americana: “Quando eu vi em 79 o Clube Sírio campeão mundial, eles invadiram... Nos fizemos a mesma coisa, só que não deu pra invadir, nós trouxemos 12300 pessoas. É de arrepiar, que coisa linda...”

 

Apesar da barreira do idioma, o gigante tinha uma boa relação com integrantes do time americano. Shane Buzzy, The Professor, Main Event e Air Up There, são alguns grandes nomes que ele lembra fazendo brincadeiras: “Na hora do happy hour, eu tomava dois gringo e já baixava o caboclo americano. Se o cara ia entender eu não sei, só queria me enturmar...

 

 

 

 

Jogo entre And1 USA x And1 Brasil no Ginásio do Ibirapuera. Divulgação ABRSP.


 

Independente de realidades destintas, Mamute reconhece que o time brasileiro sempre foi muito respeitado e cada um tinha o seu espaço. O tour com a And 1, abriu diversas portas e foi uma experiencia fundamental para toda a vida. Mostra-se grato por quem o escolheu e pela família que formou nesses anos todos.

 

Mamute reconhece a evolução da modalidade no país e como em um gesto de gratidão ao esporte e como forma de retribuir tudo que recebeu, fundou com a ajuda de amigos a Associação de Basquete de Rua de São Paulo (ABRSP), cujo principal objetivo é promover o fomento e a inclusão através de ações envolvendo o basquete.

 

 

Projetos sociais realizados pela ABRSP.


 

Outra iniciativa idealizada por Mamute, é o Desafio dos Parques, torneio que promove a competição entre os melhores times de basquete dos parques espalhados pelo país. Como técnico do time do Parque Ibirapuera, pode participar do Episódio 2 do festival STREETOPIA e contou como foi sua experiência:

 

 

 

 

Desafio dos Parques: Ibirapuera x Bauru e Ibirapuera x Vila Lobos.


 

Para Mamute o basquete representa TUDO e sua intenção é continuar trabalhando pelo crescimento do basquete no país através dos projetos que vem executando nos últimos anos. Ainda nesse contexto, ele destaca a importância da presença de Eduardo Agra em sua vida e que o quão inspiradora sua história é: “Eu tive uma boa instrução do Agra enquanto estive no parque. Foi atleta olímpico, jogou 10 anos nos Estados Unidos. Esse cara é sensacional...”

 

Apesar de nunca ter esperado que sua história com o basquete chegasse onde chegou, foi a devoção e o amor que tem por esse esporte que o transformou em quem é hoje. Cria das quadras, do Ibira, é MAMUTE!

 

 

 

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