PERFIL STTP - Gustavo Bertoni #010
PERFIL STTP - Gustavo Bertoni #010
Mar 05, 2021

PERFIL STTP - Gustavo Bertoni #010

Victor Santo FOTO: Julio Nery

 


Gustavo Bertoni, vocalista da banda brasileira de Rock, Scalene,  um verdadeiro apaixonado tanto pelo basquete quanto pela arte em todas as suas formas, ele dividiu conosco do STREETOPIA como esse encontro com o esporte aconteceu.

 

Tudo começou por conta do seu pai na década de 60 no município de Resende, estado do Rio de Janeiro, onde dava seus primeiros passos em direção ao basquete na escola que estudava. Anos mais tarde, ele teria a oportunidade de jogar no clube Atlético Mineiro e posteriormente o último ano do ensino médio em uma escola na cidade Norte Americana de São Francisco.

 

Como Gustavo mesmo disse, a medida em que vamos crescendo, absorvemos boa parte do gosto de nossos pais pelas coisas, e com o basquete isso não foi diferente – ele relembra com saudades uma de suas primeiras memórias enquanto garoto: “Lembro do meu pai sentado na sala torcendo contra o Jordan. Ele prefere torcer para a narrativa da não super estrela, é o cara que vai torcer mais para o Kawhi Leonard do que para o Lebron, sabe? Ele sempre foi assim...” E ainda continuou: “Eu torço normalmente mais para as super estrelas. Eu admiro como elas administram a pressão e como se mantêm no topo, eu curto essa narrativa...”

 

 


A figura do seu irmão, Thomas, outro integrante da Banda Scalene, também influenciou o interesse do jovem Gustavo, na época, com nove anos de idade, em se aproximar do basquete, já que ele também jogava quando naquela época. Os dois sempre tiveram uma relação mútua de inspiração, independentemente de suas atividades, e no caso do esporte, aprendiam com o despertar da competitividade que nascia naturalmente: “Ele começou a jogar basquete. Deu um ou dois anos, eu meio que comecei a seguir os passos dele... Tipo ele ia jogar tênis e eu queria jogar também, aquela coisa de irmão caçula. Isso era muito legal, porque despertou uma competição saudável. Como irmão mais novo queria ser melhor que o irmão mais velho...”

 

Gustavo começou a jogar basquete no colégio Mackenzie mais por incentivo de seu técnico, Luiz Gustavo Cantuária, o ‘Cantú’. Os dias de treinos eram muito legais, porque ao mesmo tempo que se ambientava com os fundamentos do esporte, cada vez mais ele se apaixonava, cada vez mais tinha certeza de que era o basquete que fazia diferença. 

 

Cantú, sempre foi um técnico bastante atento ao potencial de cada garoto que treinava, e no caso do Gustavo, percebeu que seria interessante explorar aquele talento, pois levava jeito, e como um diamante bruto, somente precisava ser lapidado: “O Cantú teve uma sacada legal. Ele disse que para que eu me desenvolvesse mais, eu deveria jogar em um clube também...” Assim surge o Lance Livre, tradicional clube de Brasília que tem como premissa o esporte como ferramenta educativa e de formação de atletas.

 

Para Gustavo, estar envolvido em seu novo time, foi fundamental para a mudança de seu olhar não somente do ponto de vista esportivo, mas pela possibilidade de se conectar com outros universos, outras narrativas, além de permitir de desfrutar de momentos que, se não fosse através do esporte, provavelmente nunca teria: “Moleque privilegiado, branco, de classe média alta, vivia numa bolha. Foi com o basquete que comecei a sair disso, conviver com outras realidades. Tinha que ganhar o respeito dos caras no jogo, porque eu era o ‘playboy’ que ficavam me zoando. O jogo me deu respeito entre a galera...”

 

Outra experiência marcante, foi quando Gustavo decidiu participar do acampamento de basquete promovido pelo Philadelphia 76ers aos 13 anos. O fato de ter estado na ‘meca’ do basquete, ter conseguido jogar com atletas mais velhos e mais experientes e ter se destacado nas atividades aplicadas na ocasião, certamente serviram como mais uma injeção de estímulo para continuar se dedicando no esporte que tanto gostava, principalmente após ter recebido um importante feedback do técnico: “Arremesse mais de 1000 bolas por dia que você vai se tornar um profissional...”

 

Até os 15 anos, Bertoni seguia mandando muito bem no basquete, mas em função de uma doença congênita chamada ‘válvula aórtica bicúspide’, fez com que infelizmente tivesse que parar de jogar e assim, acabou migrando para a música. O fato é que apesar de ter se conectado com um universo diferente, nunca deixou de aplicar a maior parte dos ensinamentos que aprendeu em quadra, e não importa que sejam atividades distintas, o ponto é que Gustavo mantinha a disciplina e continuava intenso, focado e determinado em seu propósito, chegando de fato onde queria junto com aquilo que escolheu e sempre dando o melhor de si:

 

 

O basquete ainda se faz presente em sua arte de uma maneira muito interessante. Para Gustavo, atingir excelência em qualquer setor da vida, não está muito relacionado a ter nascido com um dom, mas sim através da prática, da repetição por quantas vezes fossem necessárias, que é justamente o que vai determinar o quão foda você vai ser (algo assim). Como ele mesmo diz, é sobre estarmos na melhor posição para estarmos inspirados e não esperar com que a inspiração chegue.

 

A música sempre esteve presente na vida de Gustavo, principalmente pela influência de sua mãe e do irmão por tocarem violão. Aos  nove anos, ele decidiu fazer aulas para acompanhar a família e assim faz sua primeira composição em função de um momento muito triste: “Eu compus minha primeira música com 9 anos quando meu avô faleceu. Peguei um violão e falei, deixa eu tentar compor algo para acalmar a minha mãe. Era a primeira vez que eu a vi perturbada e triste com alguma coisa e eu entendi o que era aquilo, ou estava tentando entender. Começou aí...”

 

Gustavo, enquanto jogou, recebeu todas as validações possíveis por ser um bom jogador, e que se continuasse poderia chegar longe, mas já que sua saúde não permitiu, seu irmão mais velho seria o responsável pela sua iniciação em uma banda de rock: “Foi um movimento muito irmão mais velho. Tipo, esse moleque está há uns quatro anos que nem um louco querendo ser jogador basquete, então vem pra cá, para a música. Eu estava meio sem saber o que fazer da vida...”

 

Não se ver representado ou não se sentir parte de um determinado grupo eram justamente os questionamentos que seu irmão mais velho fazia e também a razão pela qual a Banda Scalene nasceu: “Ele sempre foi um cara insatisfeito com o status quo, com a forma padrão de Brasília, certas convivências que tivemos, a elite brasiliense. A gente tinha uma certa insatisfação, uma angústia... Pra onde alguns de nossos amigos estavam indo, o que era a norma padrão ali de se fazer como jovem brasiliense. Então vamos montar uma banda pra não seguir esse caminho...” 

 

Ao abrir mão do que para muitos pode ser considerado uma realidade bastante confortável para perseguir o sonho de montar uma banda, isso colocou os garotos em uma perspectiva de amadurecimento e bastante crescimento. Tocar em aniversários de amigos, correr atrás do primeiro show, montar a própria produtora, fazer a própria autopromoção e divulgação para juntar dinheiro e conseguir gravar álbuns, até mesmo fazer o primeiro show fora e assim se conectar com os divulgadores das gravadoras, enfim, todas essas etapas foram essenciais para que a banda chegasse até onde chegou.


Para Gustavo, a música e o esporte juntos, permitiram o ‘flow’, que é quando jogamos e tocamos melhor, quando temos a possibilidade de sermos nós mesmos, quando estamos confortáveis e seguros no lugar que escolhemos, seguindo nossos reflexos e instintos para fazermos aquilo que nos preparamos bem.


Grato por todo o aprendizado conquistado nessa trajetória, Gustavo classifica o basquete como dinâmico. A dinâmica que engloba o tempo de tomar uma decisão, as estratégias para pensar e colocar em prática com os companheiros de time (seja no ataque ou na defesa), o que fazer para chegar lá, para vencer e isso ele sabe muito bem o caminho.


Que o basquete continue em seu coração e que sua arte seja eterna. Todo sucesso, são os sinceros votos do STREETOPIA!

 

 

 

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