PERFIL STTP - Danilo Castro #012
PERFIL STTP - Danilo Castro #012
Abr 30, 2021

PERFIL STTP - Danilo Castro #012

Victor Santo FOTO: Julio Nery

 

Conhecido pela sua bem-sucedida atuação em diversos times ao longo de sua carreira, Danilo Castro, uma referência no basquete brasileiro e que divide hoje todo seu conhecimento com milhares de pessoas, seja como comentarista de basquete no ‘Band Sports’ da TV Bandeirantes ou treinador de atletas em sua escola, a D14 Basketball Academy, contou para nós do STREETOPIA como esse esporte entrou em sua vida de forma inesperada.

 

Natural de São Bernardo do Campo, município do estado de São Paulo, Danilo relembra que teve o primeiro contato com o basquete ainda criança aos sete anos de idade através de sua mãe, já que a intenção dela era lhe encontrar uma ‘ocupação’ para que não mais acordasse sua irmã recém-nascida sempre que chegava da escola. Por ter sido sempre apaixonado por Futebol, até poderia ser uma opção, mas o basquete daria seu jeito de aparecer: “Ela achou o Esporte Clube São Bernardo. Tinha o desenho de um cara chutando uma bola na frente, então eu já entrei ali amarradão, achei que ia jogar futebol. Lembro que o primeiro treino não tinha bola, eu não identifiquei o que era, mas via a Thelma Tavernari, hoje Técnica do Esporte Clube Pinheiros, dando treino de defesa. Fui lá, fiz o primeiro treino sem pegar na bola, voltei na semana seguinte e fui ficando...”

 

O futebol como sua única e exclusiva primeira opção duraria pouco. Só bastou a bola laranja começar a quicar nos treinos de fundamentos, que sua relação e percepção com o basquete mudaria para melhor. O fato de estar cercado por crianças da mesma idade e que de certa forma possuíam as mesmas habilidades, foram também fundamentais para que Danilo se sentisse em casa e até mesmo empolgado com a “brincadeira”.

 

 

Aos nove anos e já federado, o jovem Danilo estava praticamente ambientado com as rotinas de um jogador, sejam elas relacionadas aos treinos, disciplinas, saber perder e claro, ou pelo gosto da vitória: “Lembro que nos meus primeiros jogos, com 9-10 anos, eu jogava com meninos de 11 anos, perdíamos de 88x08, 66x06 e saíamos chorando... Só que com 12 anos, já tínhamos quase 5 anos de federado e fomos vice-campeão estadual contra o Esporte Clube Sírio...”

 

Desde jovem, o esporte foi responsável por proporcionar uma mentalidade de muita disciplina e determinação na vida de Danilo Castro, por ser um elemento fundamental no seu amadurecer e um importante facilitador no que diz respeito a lidar com situações de extrema pressão e cobrança. Sem contar a importância da participação da técnica Thelma Tavernari nesse processo, que exerceu um papel importante em sua construção não somente como atleta, mas como pessoa.

 

Ainda no plano dos exemplos que podem nos servir como motivo de inspiração, Danilo divide conosco mais alguns dos seus momentos: “Você se espelha em quem está mais perto, e eu me espelhava no Paulinho Cheidde, um menino quatro anos mais velho do que eu e achava aquilo o máximo, o suprassumo de jogar basquete. Então quando eu pude escolher minha camisa já com 12 anos, escolhi a número 14 para ser igual a ele...” Ele também completa com uma outra inspiração vinda das quadras: Eu lembro muito do Isiah Thomas do Detroit Pistons, um cara que eu ia muito para as quadras tentar imitar. Achava até fisicamente parecido comigo... baixinho, tinha habilidade, era rápido... Ia para quadra, ficava imitando e foi dando certo...”

 

Em uma época em que grandes nomes do basquete brasileiro, como Claudio Mortari, Marcel, Carioquinha, Marquinhos esbanjavam suas melhores formas, Danilo aos 16 anos, por ser atleta do São Bernardo, recebe o convite para jogar na categoria adulta: “Nessa idade você não sabe nada, você joga. Eu jogava minha categoria que era 16-17, jogava a 18-19 e jogava a adulto. Eu ficava a tarde inteira no clube... Ganhava uma ajuda de custo e uma bolsa de estudos. Era o que eu mais queria fazer e jogava com gosto...”

 

Estar no lugar certo, com as pessoas certas, além do fator sorte, foram fundamentais para que a carreira esportiva de Danilo de fato decolasse. Um exemplo, foi como sua participação nesses jogos permitiram que fosse colocado no radar de times que ele não havia imaginado jogar tão cedo:

 

 

No auge de sua ascensão, Danilo enfrenta um dos seus momentos mais difíceis em função de uma lesão no joelho. Difícil, já que para um evento como esse, você fica afastado de suas atividades por pelo menos um ano, já considerando cirurgia, fisioterapia e condicionamento físico. No ano seguinte, acontece a mesma lesão, no mesmo joelho e as frustrações só aumentavam, é obvio que isso é um pesadelo para qualquer atleta, e que face a isso, teme o fim da carreira.

 

O jogador e estudante de educação física da FEFISA (Faculdades Integradas de Santo André), optou por trancar sua graduação para se dedicar exclusivamente à sua recuperação e evitar o que menos queria na época, que era voltar à São Bernardo do Campo. “Tudo era uma incógnita”, diz Danilo Castro.

 

Sempre estamos sendo observados de alguma maneira, e quando andamos certo e fazemos o bem, a probabilidade de recebermos um pouco daquilo que demos para o mundo, é enorme. Essa tal lei da atração, conspirou novamente a favor de Danilo com um novo horizonte: “O Claudio Mortari era técnico da Pirelli, eu saí do Monte Líbano e ele me chamou. Era um time ponta ainda, sem eu ter a certeza de que eu ia ficar bom de novo, que o meu joelho ficaria bom. Com ele depois fui Sírio, e nunca mais tive problema no joelho...”

 

Apesar de sua situação ter sido controlada, Danilo tinha o receio de reviver pela terceira vez o mesmo pesadelo de torcer o joelho, talvez muito mais do que perder o lugar na equipe pois ele sabia que não estava lá. Para ele, ter vindo da Pirelli para o Sírio e participar de uma equipe ao lado de Marcel, Patterson, Tito Horford (pai de Al Horford, atual ala-pivô do Oklahoma City Thunder), já era estar no lucro. Era um momento de recomeço e que aos poucos ele recuperava seu espaço.

 

Anos mais tarde, momento em que Marcel encerava sua última temporada como técnico do Palmeiras rumo à um novo desafio para dirigir uma equipe de basquete em Guarulhos, Danilo receberia uma proposta para fazer parte do seu time. A relação dos dois sempre foi de muito respeito e admiração em quadra e prosperava rendendo a eles o título de vice-campeão paulista.

 

A boa fase de Danilo, lhe presenteava com uma reconvocação para a Seleção Brasileira de Basquete para as Olimpíadas de 1994, sem contar as diversas propostas que recebia dos melhores times da época. Entre eles estavam o Dharma Yara, Franca, Pony Corinthians de Santa Cruz do Sul e o Mogi das Cruzes Basquete, time que se tornou sua casa durante cinco anos e um dos mais importantes em sua carreira após a conquista do campeonato paulista em 1996.

 

O Mogi Basquete foi um dos principais responsáveis pelo fomento e popularização do esporte na cidade. Danilo relembra sobre como a relação dos fãs era intensa e totalmente participativa: “Naquela época não era como hoje, você sabia de quem ia ganhar. Era raro você perder um jogo que ia ganhar. Mas Franca, COC, Rio Claro... Tinha alguns times que era ‘pau’ e a hora que você perdia desses caras, a cobrança vinha forte...”

 

 

Aos 31 anos, já um pouco distante de perseguir uma eventual nova convocação na Seleção Brasileira ou qualquer outra experiencia fora do Brasil, Danilo de certa forma já se preparava aos poucos para deixar as quadras, mas antes, seu rumo seria o Rio de Janeiro atraído pela proposta de um time de Campos dos Goytacazes, onde contribuiu para a conquista do campeonato carioca: “O campeonato carioca no ano que eu cheguei não era forte como o Paulista, então ali eu tinha que jogar contra o Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo e Macaé. No segundo ano, ficou Vasco, Flamengo e Campos como terceira força... Nos fomos campeões carioca, o time era muito forte..!

 

A transição entre o dizer tchau às quadras e considerar encontrar um novo momento em sua carreira, coisa que ele não sabia exatamente o que faria, aconteceu naturalmente, principalmente estando atento aos sinais que o corpo dava: “Quando eu não comecei a render mais e quando eu perdi o gosto pelo treino pelo falecimento da minha mãe... Aquilo me deu um baque que você não consegue jogar. Eu lembro que daquele ponto, mesmo após a renovação do contrato com a ULBRA, eu já não tinha mais pique. Quando terminou o campeonato, aos 38 anos eu não tinha mais gás...”

 

Logo quando Danilo parou de jogar, passou a se questionar bastante sobre o que faria dali para frente e principalmente sobre a incerteza de tudo, dos convites que recebia para funções que não tinham seu perfil, desde a agente esportivo a investidor em algum negócio. Nesse meio tempo, ele recebe uma ligação do técnico de basquete José Neto perguntando se poderia participar da transmissão de um jogo TV Bandeirantes através do Band Sports: “Eu fui e fiz. Mas a minha grande sorte foi que eu peguei o malucão do Ivan Zimmermann. Ele é um ídolo pra mim, o cara mais sem vaidade que eu conheci na vida. Teve a paciência de me ensinar, como entrar, como fazer, como sair, a hora certa de falar, o que falar. Eu dei essa sorte, ele me ensinou tudo...”

 

Com o surgimento das transmissões do NBB na emissora, recebeu a notícia de que também participaria como comentarista dos jogos e em seguida a surgiu a oportunidade de comentar os jogos da NBA, que é o que faz hoje em dia. Além disso, está a frente da D14 Basketball Academy, uma escola de esportes que desenvolve jovens atletas nos fundamentos técnicos do basquete e que considera atuar em outros estados através de iniciativas sociais. Ele também atua como instrutor de basquete da academia Competition.

 

Ao longo de tantas histórias que o basquete lhe proporcionou, entre as diversas tentativas de deixá-lo, seja dentro ou fora das quadras, Danilo entende que o basquete é definitivamente sua vida, já que eles sempre (cedo ou tarde) se reencontraram de alguma maneira. Isso também acontece com o seu filho Diogo Castro, que dá naturalmente continuidade ao seu legado como armador do Campinas Basquete , enchendo-o de orgulho.

 

Obrigado por tudo Danilo!

 

 

 

 

 

 

 

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