PERFIL STTP - Urbano Sacramento #014
PERFIL STTP - Urbano Sacramento #014
Mai 28, 2021

PERFIL STTP - Urbano Sacramento #014

Victor Santo FOTO: Julio Nery

 

Urbano Sidney do Sacramento, é professor de educação física, ex-jogador profissional e técnico de basquete. O STREETOPIA teve o prazer de conversar e passear pelos seus mais de cinquenta anos dedicados ao esporte.


O ano era 1959 e aos 10 anos de idade, Urbano dava seus primeiros passos em direção ao basquete através do convite de um amigo da família, o Enevalcir, que sempre o encorajou para treinar principalmente em função de sua altura, e assim, chegou à Sociedade Esportiva Palmeiras. Na época, aluno do Colégio Caetano de Campos, o incentivo para a prática do basquete não era tão intenso, o que justificava sua chegada ao clube sem qualquer conhecimento dos fundamentos do basquete, mas ele estava pronto para aprender tudo que lhe fosse ensinado.

 

 

Durante 10 anos que esteve na Sociedade Esportiva Palmeiras, pode construir um bom alicerce como jogador, chegando até o primeiro ano da categoria adulto. Já no segundo ano, ele chegaria ao clube Pirelli de Santo André e pouco tempo depois, recebeu um convite para jogar em Ponta Grossa, município do Paraná – Nesta época, ele conciliava os estudos de Educação Física da Universidade Federal do Paraná com os treinos de basquete, onde esteve por um ano e meio e posteriormente passaria a jogar em Arapongas:

 

 

Entre 1960 e 1970, Urbano lembra que o crescimento do basquete caminhava através da iniciativa dos clubes e dessa maneira a maioria dos atletas eram revelados.  Mesmo em São Paulo e no Paraná, era possível ver diversas equipes lutando pela disputa de um campeonato, diferente de  hoje, que se nota um número bem reduzido e por um motivo triste e que é nossa realidade: “A falta de educação física nas escolas. Hoje a educação física nas escolas é precária, não tem um equipamento adequado, tabela quebrada, não tem bola. A educação física que deveria ser forte para você ter mais atletas no Brasil...”

 

O técnico ‘Kanela’, uma das principais referências do basquete Brasileiro, também esteve presente na carreira de Urbano através de um convite que recebeu para fazer um teste no time de basquete do Flamengo. Sua passagem pelo Rio de Janeiro foi breve por não ter concordado com o que teria sido proposto para representar o time rubro negro, assim, após apenas 20 dias, ele voltou para São Paulo com destino ao time do Basquete São Caetano onde permaneceu por um ano.

 

Apesar de não ter vindo de uma família de esportistas, sempre contou com o incentivo da família em sua trajetória, principalmente de sua mãe, avó e irmã, que não mediam esforços para prestigiá-lo nos jogos e em todos os momentos. Entre 1973 e 1977, o Clube Hebraica de São Paulo foi o seu endereço e o mesmo onde infelizmente encerrou sua carreira em função do rompimento de seu tendão de aquiles e a ineficácia dos métodos de recuperação disponíveis na época: “Hoje em dia o tratamento é diferenciado, depois de um ano você volta a jogar, como aconteceu com o Kevin Durant, Anderson Varejão, Klay Thompson... Na minha época o tratamento não era como agora e eu não consegui mais voltar...”

 

O basquete continuava presente em sua vida com a mesma intensidade, porém de outra forma. Ainda nas quadras, mas agora atendendo a função de técnico, Urbano esteve à frente de equipes da categoria de base como São Caetano, Hebraica durante 10 anos, Telesp Clube através do convite de Claudio Mortari e no time de basquete do Sport Club Corinthians Paulista onde encerrou sua carreira como técnico.

 

Aos 72 anos, Urbano em plena forma, exerce um papel importante no fomento e crescimento da prática de esportes entre veteranos, principalmente quando o assunto é basquete. O jogador pode não estar jogando profissionalmente, mas continuar em movimento, manter hábitos saudáveis, são vitais para envelhecer com qualidade, basta querer.

 

 

Ainda sobre a importância da prática esportiva para a saúde, sabemos também que sua existência é fundamental para promover consideráveis mudanças no âmbito social, e a falta do esporte estar condicionado à educação é algo que o veterano sente falta atualmente: “O maior incentivo nas escolas, as escolas que deveriam ter vários atletas para ter o maior número de atletas no brasil, para o fomento do esporte. E não é só no basquete, em todas as modalidades. O ministério, o governo, deveriam investir nas escolas. Quem tinha que formar o atleta são as escolas e não os clubes...” - Ainda sobre questões governamentais e sobre o quão efetiva a participação deles nas iniciativas e projetos envolvendo esporte, Urbano complementa: “O governo deveria montar uma equipe de pessoas que são do esporte, e pedir opiniões para essas pessoas. Parece que as pessoas que entram lá não estão ligadas ao esporte, não entendem o que se passa em uma quadra. Então, isso falta muito no Brasil...”

 

A presença de ídolos na formação de qualquer indivíduo, nos motiva, nos eleva e com nosso querido Urbano, não foi diferente. Edson Bispo, um dos principais pivôs da história do basquete brasileiro foi responsável por esse sentimento: “Ele tinha um arremesso que hoje em dia quase ninguém faz, que é o gancho. Ele foi o meu primeiro ídolo...” Michael Jordan, também ocupa um lugar muito especial em seu menu de figuras inspiradoras: “Tecnicamente ele era o melhor, o maior de todos os tempos. Jogador completo, que marcava, que dava toco, que pegava rebote, que dava assistência, que fazia cesta na hora certa. Você tem que se espelhar no melhor.!”

 

Urbano, em um papo bem descontraído com nosso Editor Victor Santo, manifesta sua profunda gratidão pelo basquete por ter conquistado tudo o que tem através dele e ele define: “Para mim é o amor que eu tive durante toda a minha vida...”  

 

Victor, que foi atleta de Urbano nas categorias de base do Telesp Clube, aproveita o encontro e desabafa emocionado: “As lembranças que eu tenho de quando você foi meu técnico no Telesp Clube em 1996 foram muito importantes para mim. A maneira que você elevava o atleta, nunca ríspido, mas sempre muito sério, dava um jeito de arrancar o melhor da gente, sempre. De coração sou muito grato por tudo...”  - e Urbano, em tom de muita alegria conclui: “Isso que nos engrandece. Nós como professores, procuramos fazer o melhor para o aluno. E quando formamos o atleta, formamos o cidadão que é o mais importante. Ficamos satisfeitos...”

 

 

 

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