O FUTURO CHEGOU: ELES ACABARAM DE NASCER E QUEREM O PÓDIO OLÍMPICO!
O FUTURO CHEGOU: ELES ACABARAM DE NASCER E QUEREM O PÓDIO OLÍMPICO!
Mai 31, 2021

O FUTURO CHEGOU: ELES ACABARAM DE NASCER E QUEREM O PÓDIO OLÍMPICO!

Luciana Mazza FOTO: Acervo Breaking World, B-Girl Terra

Pequenos no tamanho, mas gigantes no talento, aparentemente eles começaram suas vidas agora, porém, já atravessaram fronteiras, impressionaram países, ganharam prêmios e chamaram a atenção da imprensa nacional e internacional, mostrando a pressa, a força e a determinação dessa nova geração do Breaking. Suas histórias são bem diferentes de outras gerações, mas não menos valorosas ou importantes. Continuam levando à frente a Cultura Hip-Hop, cada um escrevendo suas próprias linhas, com seus estilos e personalidades. Desde bem cedo, dedicam-se ao Breaking, buscam a perfeição dos movimentos, cuidam da alimentação... E a hora do treino? Essa hora é sagrada! Sendo de total concentração! Também vivem antenados nos melhores eventos e competições espalhados pelo mundo. E, em tempo de pandemia, a opção tem sido treinar intensamente para voltar bem mais forte, além de participarem também dos muitos eventos on-line que estão acontecendo. Fora isso, são crianças normais: como quaisquer outras que brincam, andam de bicicleta, jogam bola, vídeo game, estudam e sonham!  Os sonhos são grandes, sim, onde o céu é o limite.


Começamos contando a história da B-Girl Terra, nascida e criada na Inglaterra, a menina começou a dançar Breaking aos 2 anos. Enquanto a maioria das crianças de um ano dava seus primeiros passos na vida, B-Girl Terra já estava a caminho dos grandes eventos. “Eu poderia fazer headstands”, diz ela, “e o footwork”. Isso foi quando ela tinha 18 meses. Em 2012, ela venceu a competição internacional Baby Battle, aos 6 anos de idade. Mas foi após sua performance no Chelles Battle Pro 2013 que ganhou maior destaque mundial. Terra conta que fez a primeira parada de mão quando tinha um ano e meio de idade. Venceu sua primeira competição internacional aos 5 anos de idade. Agora, a campeã do Reino Unido tem 14 anos e tem um objetivo claro: ser a primeira medalhista de ouro olímpico no Breaking. “Tenho competido toda a minha vida e busco os pódios”, diz Terra.



Já nos países baixos, na Holanda, outro menino desperta a atenção do mundo. B-Boy Lorenzo Caboni, sempre acompanhado pelos pais em diversos campeonatos pelo mundo, o menino através de seus vídeos conquistou mais de  150.000 seguidores no Instagram. Membro da equipe de dança Fresh All Stars. Ele foi coroado o vencedor do Campeonato Holandês B-Boy, em 2015, bem como da competição Money Time 5, em 2017. Hoje, com 15 anos, B-Boy Lorenzo, com seu estilo completo, fluído, musical e arquitetônico, se estabeleceu entre os adultos e conquistou (quase) tudo em seu caminho. A começar pela aprovação dos seus pais. Ele se apresenta: "Eu sou Lorenzo Caboni. Tenho 15 anos, moro na Holanda, onde nasci, mas sou meio italiano. Minha paixão é o Breaking e faço isso todos os dias! Pode-se dizer que estou muito perto da essência do Breaking... Eu realmente tento ser um B-Boy completo e 360°C! Já fui procurado pelo Comitê Olímpico Holandês. Será muito legal e emocionante participar das Olimpíadas. Estou me preparando para quando as batalhas recomeçarem estar pronto! Eu gostaria de batalhar contra, ou com, aqueles que são minhas inspirações são eles: Ken Swift ou Alien Ness (Rock Steady Crew, EUA), Storm (Alemanha), K-Mel (Boogie Brats, Los Angeles) ou mesmo Flea Rock (Street Masters, Los Angeles), Luigi (Skill Methodz, EUA), Victor (Red Bull BC One All Stars, EUA), Zoopreme (The Ruggeds, Holanda)".



No Japão, um B-Boy e uma B-Girl são destaques. Tsuki, de apenas 13 anos, que participou no 22º torneio de Breaking Pessac Battle Arena, garantindo o segundo lugar junto com outros B-Boys para o Japão, ficando apenas atrás da Rússia. O torneio foi o evento final do festival Vibration Urbaines, em Bordeaux e ocorreu no mês anterior à votação do Comitê Olímpico Internacional em dezembro, para determinar oficialmente se o Breaking seria ou não aprovado nos Jogos de Paris de 2024. O menino chama a atenção por sua precisão e genialidade na dança. E é um dos grandes nomes da nova geração.



B-Girl Noa, de apenas 10 anos, com movimentos limpos e um footwork diferenciado também vem se destacando. Treinada por B-Boy Kan, recentemente ganhou o evento Kids B-Girl Battle. A pequena sonha em ser a melhor B-Girl do mundo e tem como inspiração grandes nomes como B-Girl Ami, Ayu e B-Boy Katsu1. Ela fala: "Quero que muitas pessoas conheçam meu Breaking e sonho pelo grande palco das Olimpíadas. Mas preciso saber mais sobre o Breaking na história e também quero o valorizar como cultura."



Na Rússia, uma B-Girl de apenas 7 anos, B-Girl Smail Devil, treinada por Dangerous Leninsk, também não está de brincadeira e vem se destacando! Ela faz pare da Unreal Crew e vem tendo bons resultados nos campeonatos. Além de participar também de programas de televisão.



Na Romênia, a pequena B-Girl Carla Nicole atrai os holofotes. Ela participou de competições como: Floor Wars Itália, World Bboy Classic Italy, Back In Action, Racnetul Carpatilor, Breakin Battle, Bucareste Dance Festival, Hip-Hop International Romênia, Street Groove Jam. Ganhou em 2019 os 2 jams mais importantes da Romênia. Em 2020, o Breakin Battle 1º lugar (2vs2), World B-Boy Classic 2020 Italy 1º lugar - sendo a única B-Girl qualificada no Top 8 e que ganhou.



Mini-T: o menino é da Venezuela, mas mora no Perú, além de carismático, seus movimentos acrobáticos são seu diferencial.


E O BRASIL?

 

No Brasil, maior país da América Latina, que é um celeiro de talentos, o sonho da medalha olímpica também move meninos e meninas que, mesmo com dificuldades financeiras e ausência de apoio, lutam pelos seus lugares no pódio.


É o caso do menino Marcos Santos, conhecido como B-Boy Sonek (17), que mora no Catalão, Goiás, filho de um pedreiro e de uma dona de casa, começou a dançar com o pai, Thiago Mendes, com 6 anos. Seguiu influências do pai, que foi de uma geração de B-Boys que para ser bom teria que fazer alguns movimentos para os dois lados, o menino seguiu essa visão.


Participou de vários campeonatos regionais, nacionais e internacionais. Em 2014, na Europa, foi campeão Kids da Eurobattle e vice-campeão da Power Move Battle, numa competição de altíssimo nível, com o Kid Colômbia. Participou  de programas de TV como Legendários (TV Record), Manos e Minas (TV Cultura) e Super Kids TV SAT1 (Alemanha). São de Sonek as palavras: "No Brasil, tudo é mais difícil, até para irmos para outro estado é caro, muitos não têm um chão bom para treinar. Muitas pessoas vão dizer que não vai dar em nada, mas devemos seguir o coração. Se deseja ser bom, então, tome atitude de quem é bom, se dedique…".



Também de Catalão, outro menino deve ser lembrado, Marcio Vinicius Souza (15), conhecido como B-Boy Marcin, filho de uma enfermeira e de um serralheiro, começou a dançar com 7 anos. Se destacou em eventos como: Brazil Battle (GO), onde foi tri-campeão, Rival vs Rival (SP), 2º lugar no mundial Dance Summer Camp, em Portugal, participação no Lille Battle Pro, na França. Em 2020, perdeu a mãe vítima de Covid-19. Tem sido por meio do Breaking que o menino tira forças para seguir em frente, para treinar e lutar por seus sonhos e objetivos. Sobre as Olimpíadas, ele falou: "Eu quero ir para as Olimpíadas e acho que qualquer B-Boy atleta almeja isso. Vou fazer de tudo para ir, creio que cada treino ou cada gota de suor minha não será em vão."


 

Em Goiás:


B-Boy Ferrugem. Ele nasceu em Ceilândia/DF, a infância desse menino não foi fácil, viveu dias tristes e bem difíceis dentro de um orfanato, mas podemos dizer que foi amado desde o início por Dona Josefa Araújo, sua mãe adotiva. Foi no orfanato, também, que Ferrugem teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop e com o elemento Breaking. Sempre teve o Project Sagaz, que é um projeto social de Cultura Hip-Hop, idealizado e realizado na cidade de Águas Lindas, foi com o B-Boy Tsu, seu referencial na dança, que aprendeu tudo que  sabe. Hoje, Ferrugem tem 15 anos e recentemente, em 2020, passou a fazer parte também da DF Zulu, que é a Crew mais antiga do Distrito Federal. Um dos principais eventos que ganhou foi a batalha de 1 ano do Encontro de B-Boys de Águas Lindas, porque foi contra adultos, todo mundo podia se inscrever (2018), 2 vices campeonatos da Chelles Battle, também foram importantes. Campeão do Festival Quando As Ruas Chamam, em 2018 e vice em 2019, 3º Colocado da batalha de Breaking do Festival Elemento Em Movimento, maior do Centro-Oeste, em 2018. Sobre as Olimpíadas, ele fala: "Acho que o Breaking merece visibilidade, eu gostaria muito de participar de uma Olimpíada e ter essa experiência."




B-Boy Samukinha. Samuel Locateli Rangel (B-Boy Samukinha) iniciou sua carreira no Breaking aos 5 anos de idade, participando do campeonato Raw Circles. Vem participando e ganhando diversos eventos, entre eles: Encontro de B-Boys 2017 e 2019, em Goiânia, Escola de B-Boy 2018 Goiânia, Bragança Magic Festival 2017, em Bragança Paulista/SP, Onde os Fracos Não Tem Vez, 2018 (Brasília), Trophee Masters 2018 (Goiânia), Shock Frontal 2019 Goiânia, Raw Circles 2014 Goiânia, Quando as Ruas Chamam 4°edição (Brasília), RV Power 2018 e 2019 (Rio Verde), Vibe Talento Show 2019, Quando as Ruas Chamam 5°edição (Brasília 2019), na maioria sendo campão ou vice campeão. Já esteve no Programa Raul Gil, no Festival Infantil de Cinema e também participou de comercial de televisão dançando. Samukinha vem se destacando e representando a sua cidade, Goiânia, por todo o país. Ele faz parte da Bairro Feliz Crew e da Dream Kids Brazil. Sobre a nova geração, o menino fala: "Vejo a nova geração nos campeonatos como um início de um sonho, novos B-Boys irão continuar essa cultura e eu sou um deles levando o nome do Brasil."




Nordeste do Brasil:


B-Boy Flip, da Looney Tunes Crew, é mais um grande nome da nova geração de breakers do Brasil. O menino vem conquistando seu espaço, ele é de João Pessoa, na Paraíba.



Em São Paulo, representando as B-Girls da nova geração, uma menina se destaca: Chaya Gabor (11), conhecida como B-Girl Angel do Brasil. A menina é da Dream Kids Brazil, dona de uma personalidade bem forte, o Breaking para ela não é um hobby, mas sua vida! Começou a dançar cedo, com 3 anos. Guerreira desde que nasceu, pois foi uma prematura extrema de 850 gramas, ficando internada numa UTI mais de 90 dias, a menina, que é carinhosamente chamada por seu treinador B-Boy Dunda de "Senhorita Power Move", pelo talento nato em assimilar os movimentos acrobáticos. Foi a primeira criança na história do Prêmio Sabotage a ser finalista, no evento feito pela Câmara Municipal de São Paulo e participou de eventos como: Rival Vs Rival (SP), Breaking Combate (SP), Master Crews (SP), BreakSP Battle, Streetopia, chegou a semi-final no Quando as Ruas Chamam (DF), B-Boy World Classic (SP), 2º lugar no Tattoo Experience (SP), 1°lugar na Batalha Final, no Kids do Shopping Tatuapé, onde também ficou em terceiro entre as B-Girls, sendo a primeira criança da história do evento a ser premiada e 2º lugar no Batalha Final na Virada Cultural e 1° lugar na Quebrada Viva Batle, em dupla. 1º lugar no All Dance. Em 2020, junto com a equipe de atletas brasileiros, participou do evento mundial E-FISE Montpellier, na França, colocando o Brasil em 2º lugar. Sobre as Olimpíadas, ela fala: "Meu sonho é representar o meu pais nas Olimpíadas, representar as B-Girls de todo o mundo, mas principalmente as brasileiras e lembrar a todos que o lugar de mulher é onde ela pisar! Somos fortes, somos B-Girls e nada vai mudar isso!"




Falando dos B-Boys da nova geração de São Paulo, alguns se destacam:


B-Boy Richard. Carismático, mas competitivo, Richard nasceu em São Paulo e mora em Perus. Sangue nos olhos não falta na hora de uma batalha! Ele começou a dançar em 2016, quando tinha apenas 10 anos, participou e ganhou vários campeonatos nacionais. Hoje, o menino com 15 anos se diz esforçado, dedicado à dança. Ele conta: "É uma energia tão boa! É muito bom dançar! Passa naquele momento várias coisas boas na minha cabeça. É quando eu fico mais feliz! Eu sinto que nunca vou parar!". Richard também se prepara e sonha em ir para as Olimpíadas.



B-Boy Eagle. Yeshua Rebello (14), chamado B-Boy Eagle, de São Paulo, começou a dançar com 5 anos. Irmão da B-Girl Angel, seu primeiro contato com a dança foi por meio do Sapateado, sua referência inicial na dança foi Michael Jackson e Fred Astaire, depois, conheceu o Breaking e desde então jamais se separou dele. Esteve presente em diversos eventos nacionais e internacionais, ganhando alguns deles, destaque para Portugal, em Braga, onde conquistou o 2º lugar no Mundial B.de Dança, no Breaking Kids 1vs1 e competiu também na Porto World Battle, ficando no Kids entre os 16 melhores do mundo. 1º lugar no All Dance Internacional, sendo em sua categoria o único brasileiro. Foi notícia no Bom Dia SP (Rede Globo), no portal G1, no Jornal A Tribuna (Globo), Portal Rap Nacional, Portal Bocada Forte, Revista Época, Portal R7 (TV Record) e TV de Braga (Portugal).



Certa vez, Ken Swift disse: “O Breaking começou com uns poucos... e todo dia aparece em cada canto do mundo novos B-Boys e B-Girls". O Breaking, que saiu das ruas do Bronx e se espalhou pelo mundo, evoluiu, atravessou os anos e conquistou adeptos da nova geração que hoje chegam cada dia mais novos nesse elemento da Cultura Hip-Hop. A inclusão do Breaking nos Jogos Olímpicos não foi por acaso. Já era esperado que isso acontecesse, após o sucesso nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2018, realizado em Buenos Aires, na Argentina. A adesão da nova modalidade já era aguardada pelos atletas e pelos dançarinos ao redor do mundo. O Breaking está alinhado às propostas do COI de tornar a Olimpíada um evento mais plural, urbano e conectado aos jovens. E quanto a esses pequenos grandes talentos citados acima, guardem seus nomes, não esqueçam seus rostos, pois ainda ouviremos muito sobre eles, estamos falando dos futuros medalhistas olímpicos! O futuro é deles e o pódio também!

Resultados encontrados

×

PRODUTOS

POSTAGENS